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O BRASIL NO CONTEXTO DA GUERRA COMERCIAL ENTRE EUA E CHINA

Data da publicação: 15 de maio de 2024 Categoria: Notícias

Por: Adriano Pires

Resumo: O propósito do artigo é analisar os impactos do conflito comercial entre Estados Unidos e China na economia brasileira, . A nível global, a guerra comercial entre EUA e China resultaria em perda de bem-estar para as nações diretamente envolvidas, contudo, o principal objetivo do governo Trump seria alcançado: aumento na produção de aço e alumínio, além de uma redução, ainda que modesta, do déficit comercial dos EUA. Isso incentivaria a especialização em produtos de alta tecnologia, ao passo que a China seria estimulada a se especializar em produtos de baixa tecnologia.

Desenvolvimento

Inicialmente, a estratégia da política econômica externa dos Estados Unidos na gestão do Donald Trump foi oposta aos princípios liberais que sustentam o livre comércio, devido à implementação de tarifas elevadas contra a China, em um contexto marcado pelo protecionismo intenso por parte do governo norte-americano. Nesse contexto, apesar do acordo de Fase 1 assinado em janeiro de 2020, que proporcionou uma pausa no conflito, as relações entre os Estados Unidos e a China permanecem tensas, oscilando entre aumentos nas tarifas e tentativas de negociação para alcançar um consenso. Ambos os países reconhecem a interdependência de suas economias em vários setores-chave, o que complica ainda mais a situação. Portanto, é essencial compreender a cronologia desse conflito geoeconômico e analisar os principais impactos das políticas protecionistas adotadas em momentos distintos pelos Estados Unidos e pela China.

Durante a corrida presidencial de 2016, Donald Trump já se mostrava um candidato com fortes ideais sobre as relações comerciais entre os Estados Unidos e a China. Além de sua candidatura representar a ascensão do discurso populista e conservador. O candidato republicano observava o governo chinês como “inimigo da nação”, reforçando a necessidade de que medidas mais severas deveriam ser tomadas “Não podemos continuar permitindo que a China roube nosso país e é isso que eles estão fazendo. É o maior roubo da história do mundo.” (TRUMP, 2016b)

 

Gráfico 1: Comércio dos Estados Unidos com a China

Fonte: BBC News

Os efeitos da Guerra Comercial

Desde 2016, a economia estadunidense manteve uma alta taxa de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), refletindo um cenário no qual a inflação do país se mantém sob controle e os indicies de desemprego estão relativamente em baixa, Até certo ponto, Trump atribui os sucessos econômicos à sua gestão interna e à sua política externa agressiva, destacando especialmente as tarifas contra a China. Contudo, em parte, a atual conjuntura positiva é resultado das políticas de estabilização adotadas a partir de 2009 durante o governo Obama, que visavam mitigar os efeitos da crise do suprime. Assim, de maneira geral, é difícil argumentar que o cenário positivo da economia dos Estados Unidos seja resultado de uma única medida isolada. Na verdade, o que se observa é um conjunto de fatores favoráveis que permitiu a Donald Trump encerrar seu primeiro mandato com indicadores econômicos positivos.

Ademais, para a china. De acordo com dados oficiais do Escritório Nacional de Estatística da China, o PIB da nação só teve crescimento de 6,1% em relação à 2018  valor que representa o pior índice do país em 29 anos assim como mostrado no gráfico

 

Gráfico 2 : Crescimento chinês

Fonte: BBC News, 2020

 

Evidentemente, a disputa comercial entre os dois países trouxe tensões e incertezas para consumidores e empresários envolvidos no comércio com a China. No entanto, é notável que, apesar dos efeitos que resultaram em uma relativa desaceleração do crescimento, as empresas chinesas também começaram a responder às tarifas, reduzindo seus preços de exportação e absorvendo parte do custo das tarifas. Essa resposta destaca a interdependência entre a China e o mercado norte-americano, e vice-versa. Assim, mesmo diante das reduções na escala de comércio, China e Estados Unidos ainda operam dentro de uma lógica de forte dependência mútua, refletindo a dinâmica atual do sistema econômico global.

Tais tarifações de Trump revelam uma lacuna da economia norte-americana: seu alto índice de financeirização. Enquanto a China se insere no mercado internacional com uma alta produção, elevada geração de valor, fundos de capitais controlados e grande produtividade, os Estados Unidos têm tido uma relativa queda em termos de investimento na economia real. Assim,  o que se percebe de imediato é que ambas nações saíram com prejuízos e os restos do mundo têm sido figurante nesse conflito que transparece as incertezas sobre a capacidade norte-americana de garantir a longo prazo seu papel como estabilizadora e maior potência econômica do mundo.

Os efeitos da Guerra Comercial para o Brasil

A guerra comercial entre China e EUA tem afetado diretamente as exportações brasileiras, especialmente no que diz respeito aos produtos primários. A imposição de tarifas pelos dois gigantes econômicos tem gerado instabilidade nos preços e na demanda por commodities, como soja, minério de ferro e carne, que são itens-chave na pauta de exportação brasileira. De acordo com dados do Ministério da Economia do Brasil, as exportações de soja, por exemplo, registraram variações significativas desde o início da guerra comercial, com quedas nos volumes exportados em determinados períodos, impactando negativamente a balança comercial do país.

Gráfico 3: Variação comercial do Brasil

Fonte: Base de dados do GTAP:

Para avaliar o impacto sobre as exportações brasileiras, iremos analisar um infográfico elaborado pela metodologia Base de dados do GTAP, elaborado pela Universidade Federal de.  entre os EUA e a China no setor central deste estudo:

Assim, Torna-se evidente o impacto da guerra comercial entre os EUA e a China no setor central deste estudo: o complexo de soja. No primeiro cenário, os EUA continuariam a ser o principal fornecedor de soja para a China, com um aumento nas exportações de soja para o país de 0,21%, enquanto o Brasil registraria uma queda de 0,52%. Por outro lado, caso a China inclua a soja em sua lista de produtos sujeitos a retaliações, as exportações dos EUA para a China sofreriam uma queda de 47,43%, ao passo que o Brasil aumentaria suas.

Conclusão

Em suma, a guerra comercial entre China e EUA tem implicações significativas para o Brasil, tanto em termos de exportações quanto de mercado interno. É crucial que o país adote medidas para mitigar os impactos negativos e aproveitar as oportunidades que surgem desse cenário desafiador, visando garantir o crescimento econômico sustentável e a estabilidade financeira

Referências

G1. Trump ameaça adotar medidas comerciais contra a China se for eleito. Disponível em: https://g1.globo.com/economia/noticia/2020/01/17/pib-da-china-avanca-61percent-em-2019-menor-crescimento-em-29-anos.ghtml

BBC. Economia da China cresce no menor ritmo em 3 décadas: como isso pode afetar o Brasil? Disponível em: . https://www.bbc.com/portuguese/internacional-50098588

BBC. A economia dos EUA nunca esteve tão bem, como diz Trump? Disponível em: https://www.bbc.com/portuguese/internacional-49883877

Bollen, J., and Rojas-Romagosa, H. 2018. Trade wars: economic impacts of US tariff increases and retaliations. An international perspective. CPB Netherlands Bureau for Economic Policy Analysis. Available online: https://www.cpb.nl/sites/default/files/omnidownload/CPB-Background-DocumentNovember2018-Trade-Wars-update.pdf

Monte, E. Z., and Teixeira, E. C. 2007. Impactos da Área de Livre Comércio das Américas (Alca), com gradual desgravação tarifária, na economia brasileira. Nova Economia, 17(1): 37-63. https://doi.org/10.1590/S0103-63512007000100002

Monique Fernandes Pereira Carvalho André Filipe Zago de Azevedo Angélica Massuquetti ANPECSUL 2019 Economia Internacional (Área 5) O BRASIL NO CONTEXTO DA GUERRA COMERCIAL ENTRE EUA E CHINA

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